A banda surgiu em 1995, influenciada por punk rock e hardcore. Adicionando melodia e romantismo adolescentes à mistura, o CPM 22 (Caixa Postal Mil e Vinte e Dois) não se prende a estilos.
Além de nomes como Ramones, Screeching Weasel e Garage Fuzz servirem de influência, os rapazes bebem na fonte de Weezer, Smashing Pumpkins e até mesmo Kiss.
Em 1998 gravaram a demo-tape “CPM 22″ e conseguiram destaque não só no cenário underground nacional, como na grande mídia. Em 2000 a banda foi indicada à categoria Melhor Democlipe no Video Music Brasil, com o clipe da música “Anteontem”.
A agenda de shows foi crescendo e, consequentemente, a cobrança por material novo. Surgiram novas composições, sempre com a marca da banda – hardcore com letras que expressam o cotidiano dos jovens – e o resultado foi o CD independente “A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum”. Em apenas um mês a banda vendeu 4 mil cópias (toda a prensagem inicial), chamando a atenção de produtores de shows e das gravadoras.
Essa sintonia fez com que o CPM 22 dividisse o palco com algumas bandas estrangeiras de hardcore que se apresentaram por aqui, como Lagwagon, No Fun At All, Down By Law, e com os veteranos do Buzzcocks no Olympia, em São Paulo. Quem assistiu ao show pôde constatar que o CPM 22 já tem um público fiel. Não é para menos: ao vivo a banda esbanja vigor, característica do hardcore, cadenciando e conduzindo o público, formando uma síntese perfeita, um mix de punch e adrenalina.
Em 2002 lançam pelo selo Arsenal Music, com distribuição da Abril Music, o álbum “CPM 22″. O CD abre com a faixa “Regina Let’s Go”, que logo estaria entre as mais pedidas nas rádios rock de todo o país, enquanto o clipe rolava na programação da MTV.
As experiências do cotidiano, as alegrias e frustrações estão presentes nas letras, como em “O Chão que Ela Pisa” e “…É Isso”. Recheadas de sinceridade, espontaneidade e até mesmo inocência, as letras em português refletem o desejo de serem compreendidos, tornando músicas como “Tarde de Outubro” e “A Velha História” mais próximas do público.
Se em “60 Segundos” o momento é de reflexão e vivacidade, em “Melancolia” é a vez de um inevitável desabafo em formato de uma bela balada hard-rock. O que mais impressiona na banda é a alternância e variação entre peso, melodia e velocidade. A agradável “Duas Semanas”, forte candidata a hit, encerra o CD mesclando suavidade e ardor.
Nas palavras de Badaui (voz), Portoga (baixo), Ricardo (bateria), Wally e Luscius (guitarra), “O Mundo dá Voltas”, e com o lançamento de “CPM 22″ (o álbum) a banda marca sua estréia no cenário da música brasileira atual, trilhando seu caminho, conquistando seu espaço, e provando que é muito mais que uma sigla composta por letras e números. CPM 22 hoje é sinônimo da qualidade e sangue novo que o rock nacional precisa.
E é nisso que o CPM 22 difere das bandas dessa geração, em meio ao caos urbano, avanços tecnológicos, violência desenfreada, eles são somente o baixo, as guitarras, a bateria, as dificuldades, as alegrias, os romances, a simplicidade e principalmente a voz, de uma juventude que quer se divertir, brindar a vida e jamais se calar. O convite para um mundo cheio de sentimentos, riffs de guitarras e energia está feito!
A banda foi formada na década de 90, antes chamada apenas de “CPM”. Em 1996, lançaram sua primeira demo tape em Formato K7. Um pouco depois, em 1998, o ex-guitarrista Wally mudou o nome da banda para CPM 22 (Caixa Postal Mil e 22) e intitularam a segunda demo com o novo nome, gravada em agosto de 1998, essa demo foi produzida por Kuaker e Mingau no estúdio Wah-Wah, em São Paulo.
A cada show eram vendidas cerca de 20 demos, o que contribuiu muito para a banda ganhar algum conhecimento no underground. Nessa época, disponibilizaram as músicas da demo na internet no formato mp3, na esperança que o som chegasse a lugares mais distantes.
A agenda de shows foi crescendo e conseqüentemente, a cobrança por material novo. Surgiram novas composições, sempre com a marca hardcore da banda e o resultado foi o álbum independente A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum.
Em 2001, a banda assinou contrato pelo selo da Arsenal Music com a gravadora Abril Music, gravando assim o álbum CPM 22, já com traços pop no seu estilo musical. Primeiro álbum por uma grande gravadora, marcou o reconhecimento da banda por todo Brasil através de singles como Regina Let’s Go!, Tarde de outubro. Os clipes dessas músicas foram indicados para o VMB do ano 2000, onde a banda recebeu o prêmio na categoria banda revelação.
A parceria rendeu mais um álbum, o Chegou A Hora De Recomeçar. Desconfio, Dias Atrás, Não Sei Viver Sem Ter Você e Ontem foram as músicas de trabalho deste álbum. Este álbum conta com a participação de amigos da cena underground como o músico Maurício Sanchez tocando sintetizador em Argumento, Rodrigo da banda Dead Fish que dividiu os vocais da música Atordoado com Badauí e Koala, que fundou a banda Hateen, juntamente com Japinha participa na música Não Sei Viver Sem Ter Você, de sua autoria.
Em 2005 a banda lançou o álbum Felicidade Instantânea, sempre alternando entre músicas velozes no
Em 2006, lançaram seu primeiro álbum juntamente com o DVD, ao vivo, MTV ao Vivo, que é um registro da carreira da banda.
No ano de 2007 saiu o quarto álbum da banda intitulado Cidade Cinza, do qual foi lançado o single Nossa Música. Um álbum considerado por muitos críticos da música nacional e do rock, menos pop que antes, com menos letras amorosas e uma sonoridade relativa a NOFX, Bad Religion, Lagwagon e mais algumas bandas do cenário punk rock californiano. O vocalista da banda, Badauí, disse que o álbum é uma crítica ao que acontece atualmente em São Paulo, mas que não é um álbum totalmente politizado, e que também contém letras de relacionamentos e acontecimentos gerais. E com esse álbum, ganharam oGrammy Latino 2008 na categoria Melhor álbum de rock brasileiro.
DEPOIS DE UM LONGO INVERNO
“Banda volta com aquele que pode ser aclamado como seu melhor disco até hoje”, Kid Vinil
O CPM 22 chega ao seu sétimo disco e a palavra que melhor resume esse trabalho é “maturidade”. Depois de quatro anos do lançamento de “Cidade Cinza”, em 2007, a banda volta com aquele que pode ser aclamado como seu melhor disco até hoje. A expectativa dos fãs finalmente será saciada com um disco repleto de influencias de punk, hardcore e ska. O melhor de tudo é que o CPM 22 continua fiel às suas raízes. É aquela mesma banda que começou lá pelos idos de 1998 quando lotavam o Hangar (o primeiro templo do hardcore em SP). A banda está com a mesma pegada que nos remete a referências de Clash, Ramones, Misfits, Stiff Little Fingers, Sham 69 e Pennywise, dentre tantas influências do bom e velho punk rock.
O vocalista Badauí é o mestre das palavras, em seu discurso elas ganham ênfase. Esse lance de trabalhar o poder das palavras vem de seus mestres da década de 80 e do nosso punk brasileiro. De Marcelo Nova do Camisa de Venus, a Redson do Cólera e Clemente dos Inocentes, o estilo vocal de Badauí cantar e proferir as palavras está enraizado nesses ícones do rock brasileiro. Em termos de formação, o CPM 22, mantém um dos melhores times de músicos do rock brasileiro. O baterista Japinha é um dos melhores dessa nova geração do rock brasileiro a partir dos anos noventa – é preciso e pega literalmente pesado. Os riffs de guitarra de Luciano Garcia tem a fúria de um Steve Jones do Sex Pistols, enquanto o baixo do Fernando completam a cozinha perfeita ao lado das baquetadas do Japinha.
Um lado irresistível desse novo disco é com certeza as faixas com uma levada de ska, um dos ritmos mais empolgantes do rock de todos os tempos. A história do ska vem da Jamaica na década de 60 e foi adotada pela geração punk do final dos anos setenta como The Clash, depois The Specials e Madness, que fizeram do ska um movimento musical dos anos 80. Foi mais popularizada por bandas como Police e aqui no Brasil pelos Paralamas do Sucesso. A galera do CPM 22 sempre adorou resgatar esse lado agitado do ska pras suas canções e tudo ganha uma forma vibrante e dançante como fazem os americanos do Rancid até hoje, misturar ska com The Clash.
“Depois de Um Longo Inverno” é um disco rico em sonoridades e instrumentos diversos, além dos tradicionais baixo-guitarra-bateria. Os saxofones, trompetes e trombones foram responsabilidade de Fernando Bastos, Paulinho Viveiro e Tiquinho. Mauricio Takara tocou Vibrafone em “CPM 22” e “Filme que eu nunca vi”. Patricia Ribeiro fez o solo de cello maravilhoso de “Minoria” e Daniel Ganjaman foi responsável pelos sensacionais arranjos de órgão Hammond, piano e arranjos de metais. Backing vocals e vocais adicionais ficaram por conta de Neli Giogi e Phil Fargnoli.
TRÊS PALAVRAS RESUMEM BEM O ÁLBUM:
SURPREENDENTE, RENOVADO E CATIVANTE.
Esse é o CPM 22, que todo fã esperava, não decepciona em momento algum, atira em novas direções sem perder o foco e, acima de tudo, vem com letras inteligentes. Se muitos reclamam que o rock brasileiro está carente de bons letristas, o CPM 22 volta com um disco cujo discurso questiona muitos dos nossos valores sociais que ficaram esquecidos de uns tempos pra cá e mostra para nova geração um novo caminho pra que todos cresçam, assim como eles conseguiram nesse sétimo disco e como falei anteriormente: o melhor da carreira do grupo.
Faixa a faixa de “Depois de um longo inverno”
01) O disco abre com “Abominável” num tom de marcha punk, o trem CPM 22 entra nos trilhos numa viagem massacrante, onde a letra já afasta as más vibrações.
02) Vida ou Morte – Esse é o primeiro ska do disco, que mistura deliciosos arranjos de trompete, trombone e saxofone e aquele dançante teclado característico do gênero.
03) Filme que eu nunca vi – As bases de guitarra que abrem a música têm aquela referência Sex Pistols, marcante e precisa, enquanto a letra discute valores e crenças do ser humano.
04) Hospital do Sofredor – A música começa numa levada digamos “Ramonica” com uma pitada de hardcore e a letra bem humorada questiona os sofrimentos, como no refrão “Quase enfartei no auge da minha dor/Quase me internei no hospital do Sofredor/Eu me desesperei nem remédio adiantou, mas forte suportei, acabou”.
05) Cavaleiro Metal – Um dos melhores arranjos desse disco, também vai naquela onda do ska com a sessão de metais atacando já desde o início da música. A letra fala de um perdedor que fez de sua vida uma tragicomédia. Pensando bem, essa letra se encaixa numa série de tipos que nos deparamos ao longo de nossas vidas.
06) Quem sou eu – Essa é uma composição do Badauí, letra e música, as anteriores são do Luciano Garcia. Tem a marca hardcore/punk do bom gosto do autor que quebra num refrão à la Ramones e depois retorna ao hardcore e questiona de forma inteligente um relacionamento e sugere aquela velha e infalível fórmula de que a união faz a força.
07) Na medida Certa – Essa canção traz uma carga de influências oitentistas e ao mesmo tempo flerta com riffs de indie rock, mas em momento algum se prende a isso, pois tem a cara e a marca do som do CPM 22.
08) Um pouco de paciência – Mais centrada numa sonoridade dos anos 90 e com uma pegada hardcore com riffs na onda Foo Fighters, resulta num pop punk daqueles pra tocar no rádio e sair cantando versos como “E você por favor não me pressione assim/ Eu não sei desconheço ainda não aprendi/Outra forma de lidar com a situação”.
09) Sofridos e excluídos – O tecladinho ska que abre a música é irresistível, lembra as canções do início da carreira dos Paralamas que falavam da vida difícil das pessoas, tipo “Alagados”, numa leitura hardcore na linha CPM 22, grande letra, talvez uma das melhores desse disco.
10) Nova Ordem – Retomando a linha punk hardcore em quase dois minutos tá dado o recado, “a nova ordem é viver, olhar pra frente”.
11) CPM 22 – Uma surpresa bem agradável nesse disco do COM 22 é essa faixa quase autobiográfica da banda, uma forma pra lá de simpática de agradecer aos fãs por esses 15 anos de carreira. Uma maneira interessante de aproximar cada vez mais o CPM 22 de seu público e deixá-los mais à vontade ainda ao ouvirem esse novo disco. Aliás, a música retrata muito dessa maturidade da banda que foi citada lá no início, o som deles está sintonizado com tudo que acontece nos dias de hoje.
12) Minoria – Esse é outro exemplo do crescimento musical e a expansão de referências e sonoridades; num certo momento de “Minoria” entra um solo de cello que dá um ar moderno e ao mesmo tempo ousado.
13) Março 76 – Uma letra bem mais autobiográfica em que Badauí relata momentos de sua vida, “Nascido em São Paulo, março fim dos anos 70 em plena ditadura militar, aos 12 ouvia Ramones, aos 15 ainda moleque, descobri que a vida não era simples, roubaram o nosso país!”. Um retrato de sua sobrevivência aos trancos e barrancos, mas de certa forma exaltando um nacionalismo e a escolha de continuar vivendo nesse Brasil.
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